Impressiona como, após dois anos de gestão, o governador Ricardo Coutinho não consegue convencer, sequer seus aliados, do seu projeto administrativo. Há uma diferença abissal entre o candidato que prometia transformar a Paraíba, ou dar um “grande salto” em quatro anos, como era o seu bordão caça-votos da campanha.
Mas, a cada dia, mais vai ficando patente o desacerto. Na educação, por exemplo, sua maior obra foi o fechamento de mais de 200 escolas. Mas, não se pode desconhecer o descumprimento do básico, que seria o pagamento do piso. Resultado: no ranking das escolas estaduais, a Paraíba não conseguiu emplacar nem entre as quatro mil melhores do País.
Agora, o governador assume que, pelo segundo ano consecutivo (ou após os 20 anos dos 40 que seriam os quatro), não vai pagar o 13º do pessoal do Bolsa Família. Era um projeto prometido na campanha como a redenção para mais de 1,5 milhão de pessoas carentes do Estado. Dizia, inclusive, que, “após estudos técnicos”, concluía que seu Governo teria todas as condições de pagar o benefício caça-votos.
Agora, imagine o pessoal do Bolsa Família que votou no candidato girassol acreditando que, ao longo de quatro anos de 40, teria o 13º assegurado, conforme tanto vociferava na campanha, certamente deve estar amargurado neste final de ano. Alguns certamente podem ter feito planos para aplicar esse dinheirinho prometido pelo governador. Talvez só recorrendo a papai noel.
É mais uma dentre as muitas promessas, como aquela que já entrou para o anedotário político do Estado. Na campanha, dizia que o problema da violência na Paraíba era questão de gestão, e assegurava que, em menos de seis meses, resolveria o problema da insegurança. Hoje, a Paraíba é o 3º Estado mais violento do País, e a Grande João Pessoa, a 9ª região mais violenta do mundo.
A saúde é um caso de polícia. Não apenas administra o setor passando por cima da Justiça (no caso, decisão em contrário do TRT), como mantém a terceirização do Hospital de Trauma e outras unidades hospitalares. A população mais pobre sabe que não recebe os medicamentos de que precisa e especialmente não tem direito à assistência médica que merece.
Agora, neste final de ano, é o próprio Tribunal de Contas do Estado quem descobre que seu Governo não vem aplicando os 25% das receitas com educação, como manda a Constituição. Como, aliás, não cumpriu em 2011, conforme os relatórios dos auditores do TCE, o Ministério Público da Corte e o conselheiro-relator Umberto Porto.
Resumo da ópera: a Paraíba não terá o que comemorar neste ano que encerra. Especialmente as pessoas que mais precisam.
Helder Moura
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