quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Quem tem medo de Veneziano?

Essa pergunta me faço em relação a 2014, mas esse questionamento me vem à cabeça não é de hoje. E vou explicar.

Na campanha de 2004, Veneziano, então vereador em Campina Grande, entrou para uma disputa extremamente desigual. Na época, usando um termo usual do amigo jornalista Juarez Amaral, Veneziano tinha o apoio de “meia dúzia de três ou quatro” vereadores de oposição ao então poderoso grupo Cunha Lima e não tinha dinheiro para bancar uma campanha majoritária numa cidade como Campina Grande.

Mas o Cabeludo acabou caindo nas graças do povo de Campina. Quando os partidários do então candidato Rômulo Gouveia perceberam o perigo que ameaçava a continuação do grupo no poder, era tarde demais. Na época, Rômulo tinha o apoio do Governo do Estado, da Assembleia Legislativa, da Câmara de Campina Grande, de uma esmagadora maioria de vereadores e deputados, mas não venceu.

Veio 2008 e, com ele, uma bem traçada estratégia para tirar Veneziano da disputa. Lembro como se fosse hoje do dia em que, com transmissão ‘ao vivo’ de emissoras de rádio e tudo mais, o então presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba fez grande estardalhaço no plenário da Câmara Municipal, mostrando o que afirmava ser um talonário de ‘notas frias’, emitidas na gestão Veneziano. Era apenas o início da estratégia que, mais tarde, ficou muito clara a todos.

A rapidez com que o então presidente da Assembleia mostrou o talonário e o guardou, para nunca mais mostrar a ninguém, foi semelhante à rapidez com que Romero Rodrigues, em coletiva à imprensa, mostrou aquele extrato do dia 2 de janeiro deste ano, afirmando ter encontrado as contas da Prefeitura de Campina Grande zeradas. Mostrou rapidamente e o guardou. E, até hoje, ninguém o viu mais, a imprensa não publicou – porque não teve acesso – e ficou por isso mesmo.

A estratégia em 2008 foi ingressar na justiça com o maior número possível de ações contra Veneziano. E assim foi feito. Claro que todos sabem como acabou a história das ações. Veneziano foi inocentado em todas. Numa das decisões, inclusive, a Justiça criticou os autores das ações, pois elas não tinham qualquer indício que as justificasse. A justiça percebia, também, o real motivo do barulho feito.

Mas, a estratégia foi alcançada: dar um discurso ao então candidato Rômulo Gouveia – ele de novo. Quem não lembra que Rômulo dizia nos programas eleitorais e nos debates: “Você vai votar num homem que responde a mais de 20 processos na justiça?”. Esse era o discurso. Deu trabalho, muito trabalho a Veneziano. Uma a uma, o Cabeludo foi vencendo as ações na justiça e saiu das arapucas totalmente ‘ficha limpa’.

Agora a história se repete. Romero assume a Prefeitura de Campina Grande e, mesmo estando no segundo mês de mandato, ainda olha para o retrovisor e tenta, dia após dia, jogar na mídia o suposto ‘caos administrativo’ que teria encontrado na Prefeitura de Campina.

Aliás, abro um parêntese aqui para retirar o elogio que fiz a Romero no último comentário, após entrevista na qual o Prefeito campinense disse que, finalmente, iria começar a trabalhar, esquecendo-se do passado.

Só para recordar, veja o que disse Romero, há cera de 10 dias: “Eu acho que todo mundo tem sua fase. Eu tô numa fase, graças a Deus, muito boa, tendo a honra e a felicidade de ser prefeito da cidade de Campina Grande e não vou ficar batendo boca nem nesse disse me disse com Veneziano. Então, pra mim, eu dou o assunto por encerrado. Vou olhar pra frente, pro horizonte, pro futuro. Estou me dedicando, estou trabalhando e vou continuar assim até o final do meu mandato, cumprindo e honrando a confiança da cidade”.

Ficou apenas no discurso porque, como disse o colega jornalista Wellington Farias esta semana, o ‘pau no Cabeludo’ continuou sem dó nem piedade...

Voltando ao assunto principal, percebi a mesma estratégia de 2008 esta semana, quando o Procurador do Município, José Mariz, disse que iria ingressar na justiça com 30 ações de improbidade administrativa contra Veneziano. Lá vem o mesmo discurso sendo preparado para 2014: “Vocês vão votar num cidadão que responde na justiça a 30 ações de improbidade administrativa?”, é a pergunta que já vejo ser feita com estardalhaço, seja no programa eleitoral ou nos debates.

Para a certeza da estratégia, os opositores do Cabeludo contam com algo que, no Brasil, não dá sinais de mudança: a velha burocracia judicial. Ou alguém acha que 30 ações podem ser julgadas até o ano que vem?

Vi o auxiliar de Romero, Gilbran Asfora, ir à mídia dizer que Veneziano não seria candidato a governador em 2014. Vejo tantos outros usarem as redes sociais ou os programas de rádio pra dizer que Veneziano não disputará a eleição do ano que vem porque sua gestão foi ‘desastrosa’. Desastrosa? Será mesmo? Veneziano se mostra ‘afiado’ pra esse debate.

Vejo também alguém dizer que Veneziano, sendo candidato a governador em 2014, não ganhará, pois “não conseguiu eleger nem sua candidata em Campina Grande”. Ora, esse argumento vale também para Ricardo Coutinho, que, pior que Veneziano, não conseguiu nem levar a sua candidata ao segundo turno da eleição em João Pessoa, seu reduto eleitoral, e onde dizem que Ricardo estaria melhor avaliado na Paraíba? Se está bem em João Pessoa e teve esse dissabor eleitoral, imagine no restante do estado...

Na eleição municipal do ano passado, Veneziano, com os méritos próprios de Tatiana Medeiros também, é claro, conseguiu levar a sua candidata do zero aos 40,86% de votos, ou, exatos, 89.887 sufrágios. Já Ricardo só conseguiu dar a Estelizabel, sua candidata, metade disso: 20,08% - 74.498 votos. Em números absolutos, Tatiana teve mais votos que Estelizabel, considerando, inclusive, que o eleitorado de João Pessoa é bem maior que o de Campina.

Outros dizem que Veneziano não terá a mínima chance porque vai disputar contra a máquina estadual. Isso já ocorreu em 2004 e em 2008 em Campina Grande e o resultado foram as duas vitórias sobre o grupo Cunha Lima. Então, esse argumento também não cola...

Ah, não. Se alguém estiver pensando que vou fazer comparação entre o carisma de Ricardo Coutinho e o de Veneziano, esta comparação não farei. Não precisa...

De qualquer forma, a pergunta está mantida e a resposta, por mais que eu me esforce, é uma, apenas: quem tem medo de encarar Veneziano nas urnas não o faz porque sabe que o páreo é duro. E quem viver, verá...


Carlos Magno 

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